.: Recrutamento e Seleção

Avaliação do candidato ??? uma peça do quebra-cabeça 
Algumas vagas parecem não ser preenchidas nunca de forma eficaz e definitiva. As pessoas vêm e vão, sem que encontremos ninguém que se adapte perfeitamente ao perfil que buscamos.
Algumas vagas parecem não ser preenchidas nunca de forma eficaz e definitiva. As pessoas vêm e vão, sem que encontremos ninguém que se adapte perfeitamente ao perfil que buscamos.

Será mesmo?
Muitas vezes, o problema não está na pessoa que contratamos, e sim no pessoal que já temos. Se for difícil encontrar a peça que se encaixa exatamente no espaço que temos que preencher, talvez seja o caso de avaliar as condições do modelo que seguimos, pois é muito provável que o problema esteja ali.

Uma grande empresa, por exemplo, não consegue fazer com que os estagiários de um de seus departamentos permaneçam por mais de seis meses, e quando saem o fazem de repente, sem muita preocupação com aquilo que deixam para trás ou com as dificuldades que podem estar criando para os colegas que ficam. Uma leitura superficial vai concluir que os jovens estagiários são imaturos, irresponsáveis e não estão preparados para assumir posições que exijam comprometimento. 

Uma análise um pouco mais cuidadosa, no entanto, vai descobrir fatos que não se encaixam exatamente nesta explicação simplista. Os estagiários que passaram por aquele departamento vêm, em sua grande maioria, de boas escolas e de boas famílias. Têm uma formação que vai muito além da escola ??? falam outros idiomas, fizeram cursos acadêmicos no exterior, têm boa postura e excelente apresentação pessoal, além de impecável formação social. O que está errado, então?

Neste exemplo, o problema está na gerência do departamento. Esta permanece nas mãos de profissionais antigos, que contam com a confiança dos diretores da empresa por conta do tempo em que prestam os seus serviços. A situação acomodou-se a tal ponto que ninguém se preocupa em abrir os olhos e os ouvidos para o que se passa no dia a dia do departamento ??? o ambiente é carregado de intrigas, algumas pessoas se ressentem ao se compararem com os jovens estagiários, e procuram compensar sua inferioridade social e acadêmica com sua superioridade hierárquica, tomando atitudes injustas que muito se aproximam do dano moral. A insegurança pessoal empresta força na segurança de um cargo, sem se preocupar com consequências de seus comentários, de suas decisões ou de seus atos. ?? claro que os jovens profissionais, formados com princípios éticos bem definidos e acostumados à transparência do relacionamento no trabalho, não se adaptam a um ninho de cobras, onde os interesses e as frustrações pessoais sobrepõem, sem qualquer escrúpulo, a realização do trabalho profissional. 

Buscam, com toda razão, um ambiente propício ao desenvolvimento de seu potencial, tanto para seu crescimento pessoal como para o crescimento da empresa para a qual oferecem seu conhecimento, sua formação, seu entusiasmo e sua criatividade.
Não há como colocar remendo novo em roupas velhas.

A atenção das empresas não pode se voltar apenas para o pessoal que entra ??? deve manter os olhos bem abertos para o pessoal que já está. 

Pois um bom grupo de trabalho se beneficia da experiência antiga, do conhecimento profundo da história da empresa, mas também este tem que se adaptar às mudanças naturais ao crescimento e à modernização da estrutura empresarial.

Da mesma forma que marcas e logotipos, embalagens e propaganda, evoluem com o passar do tempo e as modificações no perfil do mercado consumidor, também a estrutura interna deve evoluir e acompanhar a leva de jovens profissionais que trazem consigo todos os benefícios de uma formação pessoal e acadêmica fortemente tocada pela globalização e pelos benefícios da tecnologia.

Se alguém se sente ameaçado ou inferiorizado pelo novo, claramente melhor e mais eficiente, deve buscar um aprimoramento pessoal que eleve também o seu nível, ao invés de montar armadilhas ao seu redor para que as mudanças nunca lhe atinjam. Fechando-se em si mesma, esta pessoa bloqueia os caminhos que levam ao futuro ??? não apenas o seu, como o de sua empresa. 
Uma gerência de recursos humanos eficiente deve estar muito atenta a este fenômeno ??? bastante comum ??? alertando os dirigentes sobre o verdadeiro problema e orientando para a real solução.

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Denise Rodrigues do Amaral é escritora, com mais de 450 artigos publicados nas áreas de business & lifecoaching (motivação e empreendedorismo), centrada no fator humano como instrumento de sucesso pessoal, profissional e empresarial. Colunista do Portal Brasil (business & life coaching). ?? advogada e também graduada em Comunicação pela Universidade Mackenzie, pós-graduada em Teoria da Comunicação pela Fundação Cásper Líbero, na área de comunicação e produtividade. Foi Consultora em Comunicação Empresarial e Relacionamento Profissional do Centro de Orientação, Atualização e Desenvolvimento Profissional (COAD). ?? Diretora Administrativo-Financeira da Advocacia Rodrigues do Amaral e autora do livro ???Crianças podem voar??? ??? Ed. Internacional